Ano novo. Semestre novo. Colega novo. Tudo ocorre normalmente, os três ocupantes do quarto 11 recepcionam o colega recém chegado com um aperto de mão e um tapinha nas costas. Jaime é o seu nome.
“Você se importa de dormir em cima do beliche?”, perguntam seus colegas.
“Para mim tanto faz”, responde o aspirante a alguém na vida.
A disposição das camas fica assim: No beliche 1, William em baixo e Frederico em cima. No beliche 2, Vilson em baixo e Jaime em cima.
Nove e meia em ponto a luz apaga. Tateando no escuro Jaime encontra a escada do beliche e após aninhar-se em baixo das cobertas com o coração apertado de saudades do lar, ele deseja boa noite aos seus mais novos amigos. A resposta vem em coro e em poucos segundos ele adormece.
À meia-noite o quarto 11 resume-se a um quarteto de roncos e assobios. A madrugada avança lentamente, pé ante pé. De repente ouve-se um grito. É Vilson:
“Aaaaai! O que é isso? Está chovendo em mim. Não acredito! Está chovendo em mim”.
William e Frederico acordam-se. William acha que Vilson está sonâmbulo. Frederico acha que ele está fazendo graça. Então Vilson levanta-se, sacode Jaime e ralha:
“Escuta companheiro, tua mãe não te ensinou a urinar no mictório?”.
No dia seguinte Jaime é democraticamente obrigado a dormir na cama de baixo. A partir desse dia o novo interno cai na boca dos brincalhões do colégio que zombam dele: “Não esquece de colocar a fralda para dormir viu neném?”.
Não obstante ele se forma, entra na faculdade e se torna alguém na vida. O quê? Engenheiro hidráulico.
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